Enfermeira de 54 anos, que atua na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, foi a primeira pessoa, fora dos estudos clínicos, a ser vacinada contra a Covid-19 no país. Ela foi imunizada neste domingo (17) no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Após ser imunizada, ela recebeu
do governador João Doria um selo simbólico com os dizeres “Estou vacinado pelo
Butantan” e uma pulseira com a frase “Eu me vacinei”.
A
aplicação foi feita no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP). O governador João Doria (PSDB) acompanhou a
aplicação.
A
enfermeira Jéssica Pires de Camargo, 30 anos, do Controle de Doenças e Mestre
de Saúde Coletiva pela Santa Casa de São Paulo, foi responsável por aplicar a
dose.
Aprovação
Na tarde deste domingo (17), a diretoria da Anvisa aprovou, por
unanimidade, a liberação do imunizante para uso emergencial, seguindo a
recomendação apresentada pela área técnica.
Os
diretores acompanharam o voto de Meiruze Freitas, relatora dos pedidos. No caso
da Coronavac, a diretora condicionou a aprovação à assinatura de termo de
compromisso e publicação em "Diário Oficial".
A decisão
passa a valer a partir do momento em que houver a comunicação oficial ao
laboratório. Ela será publicada no portal da Anvisa, no extrato de deliberações
da Diretoria.
O pedido
sobre a Coronavac foi apresentado em 8 de janeiro pelo Instituto Butantan e é
referente a 6 milhões de doses importadas, produzidas pela farmacêutica chinesa
Sinovac. O Butantan também desenvolve a vacina no Brasil.
Durante a
apresentação dos dados, o gerente de medicamentos da Agência, Gustavo Mendes,
fez críticas ao atraso no envido de dados do Instituto Butantan.
Ele
também considerou como pontos de incerteza o número de idosos testados, a falta
de informações sobre os intervalos entre a primeira e a segunda dose de todos
os pacientes testados.
Com a
aprovação o Brasil, se tornará o quarto país a iniciar o uso emergencial do
fármaco, após China, Indonésia e Turquia.
Ministério da Saúde
Após a recomendação favorável da área técnica, o governador João
Doria disse, em postagem nas redes sociais, que o Instituto Butantan irá
entregar as vacinas ao Ministério da Saúde, responsável pela distribuição do
imunizante no país.
"Determinei
que tão logo a Anvisa aprove o uso emergencial da Vacina do Butantan, o
Instituto Butantan entregue imediatamente as vacinas ao Ministério da Saúde
para que sejam distribuídas a SP, DF e todos os estados brasileiros. O Brasil
tem pressa para salvar vidas", diz a publicação.
Nesta
sexta (15), o Ministério da Saúde pediu ao Butantan a entrega 'imediata' de 6
milhões de doses prontas da Coronavac, que estão em poder do instituto e foram
importadas do laboratório Sinovac, da China, parceiro do Butantan na produção
do imunizante.
Através
de ofício, o ministério informou que o montante é referente ao contrato de R$
2,6 bilhões, firmado entre o órgão federal e o laboratório paulista para a
inclusão da Coronavac no Programa Nacional de Imunização (PNI).
O
Butantan já tinha prometido entregar as doses após a Anvisa autorizar o uso emergencial
da vacina, mas questionava o Ministério da Saúde sobre quantas doses da
CoronaVac serão destinadas ao estado de São Paulo no PNI.
A gestão
João Doria (PSDB) estima que o estado de São Paulo tem direito a cerca de 1,5
milhão de doses – o cálculo é feito com base no tamanho da população do estado.
Disputa política
A CoronaVac envolve uma disputa política entre o governador de
São Paulo, João Doria, e o presidente Jair Bolsonaro. Em outubro, o presidente chegou a dizer que o governo federal não compraria a
Coronavac.
No começo
de janeiro, porém, o Ministério da Saúde informou assinou um contrato com o
Instituto Butantan para adquirir todas as 100 milhões de doses que o órgão
produzir.
A
proposta anunciada pelo Ministério da Saúde a prefeitos era começar a vacinação na quarta-feira (20) após
a liberação do uso emergencial pela Anvisa. O governo pretendia iniciar a
vacinação com as duas milhões de doses da vacina da AstraZeneca, produzidas na
Índia.
Um avião
brasileiro estava previsto para decolar na sexta-feira (15) para a Índia, mas o
voo foi adiado por “problemas logísticos internacionais”. O adiamento ocorreu
depois que o governo indiano dizer que não poderia dar uma data para a
exportação de vacinas produzidas no país.
Depois do
adiamento do voo Ministério da Saúde pediu que o Instituto Butantan entregasse todas as 6 milhões de doses da
Coronavac disponíveis.
Eficácia da
CoronaVac
Os testes da CoronaVac no Brasil foram feitos em 12.508
voluntários – todos profissionais de saúde da linha de frente do combate ao
coronavírus – e envolveram 16 centros de pesquisa.
A vacina
registrou 50,38% de eficácia global nos testes realizados no país, índice que
aponta a capacidade do imunizante de proteger em todos os casos – sejam eles
leves, moderados ou graves.
O número
mínimo recomendado pela OMS, e também pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), é de 50%.
Na prática, a
CoronaVac tem potencial de:
- reduzir pela metade (50,38%) os novos
registros de contaminação em uma população vacinada;
- reduzir a maioria (78%) dos casos
leves que exigem algum cuidado médico.
Além disso, nenhum dos vacinados ficou em estado grave, foi
internado ou morreu.