Institutos de pesquisa do Nordeste e também do Sudeste do
país, além da Marinha do Brasil, investigam a origem do petróleo que mancha
praias do litoral de nove estados e mata animais marinhos desde final de agosto
e início de setembro.
Em contato entre si por meio de um grupo de oceanografia,
os pesquisadores ainda não chegaram a uma conclusão sobre a causa do problema,
o que para o professor Carlos Teixeira, oceanógrafo do Instituto de Ciências do
Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará, gera um "sentimento de
frustração".
Porque a gente não está conseguindo descobrir. E ver
imagens da Praia do Forte, que é um lugar que a gente frequenta, uma importante
área para a reprodução marinha, do jeito que está... Precisamos de mais pistas.
A Marinha está cruzando rotas de navios com prováveis lugares em que o óleo foi descartado, mas
ainda não conseguiu resultado", detalha o professor.
Segundo Teixeira, o grande obstáculo da investigação é a
inexistência de uma provável data do acidente ou crime que provocou o
lançamento de petróleo no mar. "Não sabemos quando o óleo foi jogado.
Fizemos várias simulações numéricas que nos dão a velocidade da corrente, mas
não tenho o tempo, por isso não consigo achar o espaço. Por exemplo, se
soubéssemos que houve um vazamento na frente (da costa) do Rio de Janeiro,
seria fácil saber para onde ela vai", explica.
Óleo pode estar viajando por baixo d'água
Rastreamentos por satélite também não conseguiram
localizar as manchas e sua origem. A partir dessa dificuldade, a comunidade
científica já acredita em uma nova hipótese, a de que o óleo viaja por baixo
d'água, mas a informação não é conclusiva.
Achados de materiais como garrafas de água com fabricação
em países asiáticos, que foram encontrados no litoral do Ceará e em Alagoas,
segundo Teixeira, não são indícios sobre as manchas de óleo. Ele afirmou que os
registros são comuns e o material pode ter sido descartado de navios.
Universidades da Bahia, Pernambuco, São Paulo, o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Marinha, além do Labomar
da UFC continuam em busca de respostas para o acidente ambiental.
Barris encontrados em Sergipe
A substância contida em dois barris encontrados em
Sergipe, sendo um na praia de Formosa, em Aracaju, e outro na praia de Jatobá,
na Barra dos Coqueiros, foi submetida para análise das instituições
competentes. O material foi encontrado no mês de setembro e ainda não há
confirmação da origem.
No último dia 30, a Marinha havia revelado que o óleo
encontrado dentro dos tambores é incompatível com as manchas que atingiram as
praias do estado. Porém, uma informação publicada pelo site UOL, no dia 12 de
outubro, destacou que uma pesquisa conclusiva da Universidade Federal de
Sergipe contradisse a avaliação.
O TNH1 entrou em contato com a universidade, nesta
segunda-feira, para saber mais detalhes sobre os estudos. Mas a unidade afirmou
desconhecer a informação. Segundo ela, o pesquisador Alberto Wisniewski, que
está à frente da análise, não confirmou a conclusão da averiguação.
Nos últimos dias, o governo pediu que a Shell explicasse
o aparecimento dos barris, já que havia a inscrição de um lubrificante
fabricado pela empresa. Ela reforçou que o conteúdo original dos tambores não
tem relação com o óleo cru encontrado em diferentes praias da costa brasileira.
FONTE:TNH